Biomecânica do agachamento
- Rudney Nicacio
- 31 de jul. de 2024
- 4 min de leitura

A biomecânica do agachamento profundo é um tema fascinante e complexo. Esse exercício envolve várias articulações e grupos musculares, incluindo tornozelos, joelhos, quadris e coluna lombar. Aqui estão alguns pontos chave:
O agachamento profundo mobiliza principalmente as articulações do tornozelo, joelho e quadril. A coluna lombar também desempenha um papel crucial na estabilização do tronco. Durante o agachamento, ocorrem movimentos de flexão e extensão nas articulações mencionadas. A flexão ocorre na descida e a extensão na subida. Os principais músculos envolvidos são os quadríceps, glúteos, isquiotibiais e músculos da panturrilha. A profundidade do agachamento pode influenciar o trabalho muscular, com agachamentos mais profundos ocorre maior alongamento dos glúteos e isquiotibiais aumentando o estresse mecânico.
O agachamento ocorre principalmente no plano sagital, com movimentos ao longo do eixo transversal. Durante o agachamento, ocorrem contrações concêntricas (subida) e excêntricas (descida) dos músculos envolvidos.
Esses fatores combinados fazem do agachamento profundo um exercício altamente eficaz para o desenvolvimento de força e estabilidade. No entanto, é crucial realizar o movimento com a técnica correta para evitar lesões e maximizar os benefícios.
O agachamento é um exercício composto excelente, mas o trabalho dos isquiotibiais (posteriores da coxa) não é tão intenso quanto o do quadríceps e dos glúteos. Isso acontece por alguns fatores biomecânicos:
Função dos Isquiotibiais e sua Ativação no Agachamento
Os isquiotibiais são compostos pelo bíceps femoral (cabeça longa e curta), semitendinoso e semimembranoso. Sua principal função é a flexão do joelho e a extensão do quadril. No agachamento, há um certo envolvimento desses músculos na estabilização do joelho e na extensão do quadril, mas não são o principal motor do movimento.
Predominância do Quadríceps e Glúteos
Quadríceps: Durante a fase concêntrica do agachamento (subida), o quadríceps é fortemente ativado para estender o joelho.
Glúteos: Atuam na extensão do quadril, especialmente quando o movimento atinge profundidade maior (abaixo da linha paralela).
Isquiotibiais: Contribuem na extensão do quadril junto com os glúteos, mas devido ao fato de atuarem também na flexão do joelho, sua ativação não é máxima no agachamento. Além disso, como o joelho está se movendo ativamente e não em posição fixa, o alongamento e a tensão sobre os isquiotibiais não são ideais para estimular seu crescimento e fortalecimento de forma proporcional a quadríceps e glúteos.
Trabalho das Panturrilhas no Agachamento
As panturrilhas, compostas pelo gastrocnêmio e pelo sóleo, também desempenham um papel no agachamento, mas de forma mais estabilizadora do que como um músculo motor primário.
Gastrocnêmio: Como atravessa tanto o joelho quanto o tornozelo, participa na estabilização da articulação do joelho durante o movimento.
Sóleo: Atua na estabilidade do tornozelo e na manutenção do equilíbrio, especialmente quando há maior dorsiflexão do pé (quando o calcanhar tende a descer para o chão na fase descendente).
No entanto, assim como os isquiotibiais, as panturrilhas não recebem um estímulo direto significativo no agachamento. Por isso, é interessante incluir exercícios específicos, como:
Elevação de panturrilha em pé – enfatiza o gastrocnêmio.
Elevação de panturrilha sentado – foca mais no sóleo.
Agachamento profundo com pausa – pode recrutar mais as panturrilhas na estabilidade postural.
Complementação com Exercícios Isolados para Isquiotibiais
Como os isquiotibiais não são estimulados de forma tão intensa no agachamento, é necessário complementá-los com exercícios específicos, como:
Flexão nórdica – para fortalecimento excêntrico.
Flexão de joelho na máquina (cadeira/mesa flexora) – para isolar o movimento de flexão do joelho.
Levantamento terra romeno – mantém os isquiotibiais sob grande tensão e alongamento, promovendo crescimento muscular.
Stiff – exercício fundamental para o desenvolvimento dos isquiotibiais, glúteos e lombar. Ele se destaca por enfatizar a fase excêntrica do movimento, promovendo grande alongamento e tensão nos músculos posteriores da coxa.
Aqui estão os passos principais para realizar o movimento de forma segura e eficaz:
Posição Inicial:
Fique em pé com os pés afastados na largura dos ombros. Aponte os dedos dos pés ligeiramente para fora. Mantenha a coluna reta, os ombros para trás e o olhar para a frente.
Descida:
Inicie o movimento dobrando os joelhos e os quadris simultaneamente, como se estivesse se sentando em uma cadeira imaginária. Desça até que as nádegas fiquem abaixo do nível dos joelhos, mantendo os calcanhares no chão e os joelhos alinhados com os pés.
Subida:
Empurre os calcanhares contra o chão e estenda os joelhos e os quadris para retornar à posição inicial. Mantenha o controle durante toda a amplitude do movimento.
Respiração:
Inspire profundamente antes de iniciar a descida. Expire enquanto sobe, mantendo o controle da respiração durante todo o movimento.
Cuidados Adicionais:
Evite que os joelhos se movam para dentro durante a descida e a subida.
Mantenha a coluna neutra, evitando a retroversão pélvica (quando o quadril “gira” e a coluna perde suas curvaturas fisiológicas).
Esses passos ajudam a garantir que o agachamento profundo seja realizado de maneira segura e eficaz, promovendo o desenvolvimento muscular equilibrado e a estabilidade articular. Qualquer duvida procure a orientação de um profissional habilitado.
Conclusão
O agachamento é um excelente exercício composto, mas não maximiza a ativação dos isquiotibiais e panturrilhas como faz com o quadríceps e os glúteos. Por isso, incluir exercícios específicos para esses músculos no treino é essencial para equilíbrio muscular, prevenção de lesões e melhora do desempenho atlético.
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