Coração de atleta
- Rudney Nicacio

- 10 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de set.

O termo “coração de atleta” refere-se a um conjunto de alterações fisiológicas que ocorrem no coração de indivíduos submetidos a treinos regulares e intensos, especialmente em modalidades de resistência (como corrida, ciclismo, natação) e força (como musculação e levantamento de peso). Essas mudanças são adaptações benéficas e não patológicas, resultantes do esforço físico contínuo, que diferenciam o coração de um atleta do coração de uma pessoa sedentária ou não treinada.
Características Principais
Hipertrofia Cardíaca Fisiológica:O coração de atleta apresenta aumento da massa muscular do miocárdio, mas de forma equilibrada e saudável.
Esportes de resistência: promovem hipertrofia excêntrica, com aumento do volume das câmaras cardíacas (sobretudo do ventrículo esquerdo), permitindo maior capacidade de ejeção de sangue a cada batida.
Esportes de força: induzem mais a hipertrofia concêntrica, ou seja, espessamento das paredes do coração para suportar pressões mais elevadas durante o esforço.
Bradicardia de repouso:Atletas costumam ter frequência cardíaca mais baixa em repouso (muitas vezes entre 40-60 bpm). Isso ocorre porque o coração se torna mais eficiente, necessitando de menos batidas para manter o débito cardíaco adequado.
Maior volume sistólico:Cada contração cardíaca ejeta mais sangue, otimizando a entrega de oxigênio e nutrientes aos músculos ativos.
Maior capilarização e eficiência coronariana:O coração do atleta é melhor irrigado, reduzindo riscos de isquemia em situações normais.
Adaptações Funcionais
Maior débito cardíaco máximo: o atleta consegue fornecer mais sangue por minuto aos músculos durante o esforço intenso.
Melhor variabilidade da frequência cardíaca (VFC): indicando equilíbrio e predominância do sistema nervoso parassimpático em repouso.
Pressão arterial controlada: mesmo em treinos intensos, há regulação eficiente da pressão arterial.
Diferença entre Coração de Atleta e Cardiopatias
É importante distinguir o coração de atleta de condições patológicas:
Na hipertrofia patológica (como na hipertensão arterial ou miocardiopatias), o aumento da massa cardíaca é desorganizado, reduz a eficiência da contração e pode levar a insuficiência cardíaca.
No coração de atleta, a hipertrofia é simétrica, acompanhada de maior função diastólica e não compromete a capacidade de bombeamento.
Por isso, exames como ecocardiograma, eletrocardiograma e ressonância cardíaca são fundamentais para diferenciar uma adaptação fisiológica de uma doença.
Implicações para a Saúde
Em geral, o coração de atleta representa uma adaptação saudável ao exercício.
No entanto, é fundamental realizar avaliações médicas periódicas, principalmente em atletas de alta performance, pois fatores genéticos ou sobrecarga excessiva podem mascarar doenças cardíacas.
Em casos raros, pode haver confusão diagnóstica com cardiomiopatias hipertróficas (doença que aumenta o risco de arritmias e morte súbita).
Conclusão
O coração de atleta é um exemplo de como o corpo humano se adapta de forma positiva ao treinamento físico, tornando-se mais eficiente e resistente. Essa condição traduz os benefícios do exercício regular sobre a saúde cardiovascular: menor frequência cardíaca de repouso, maior eficiência de bombeamento, melhor tolerância ao esforço e redução de riscos de diversas doenças cardíacas.
Contudo, essas adaptações devem ser acompanhadas por monitoramento médico e cardiológico, especialmente em atletas de alto nível, para garantir que as mudanças sejam fisiológicas e não encubram patologias.




