Musculação e doença de Parkinson
- Rudney Nicacio
- 10 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de set.

A musculação tem se mostrado uma ferramenta eficaz não apenas para o fortalecimento muscular e a melhora estética, mas também como recurso terapêutico complementar em diversas condições de saúde. Entre elas, destaca-se a doença de Parkinson (DP), uma enfermidade neurodegenerativa crônica e progressiva que afeta a produção de dopamina e compromete, principalmente, o controle motor. Os sintomas mais comuns incluem tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos (bradicinesia) e instabilidade postural. Além disso, também pode haver sintomas não motores, como depressão, ansiedade, distúrbios do sono e fadiga.
Benefícios da musculação para pessoas com doença de Parkinson
A prática regular de musculação, quando bem orientada, oferece múltiplos benefícios aos indivíduos com DP, contribuindo para a manutenção da autonomia, da qualidade de vida e do bem-estar físico e mental. Entre os principais efeitos, destacam-se:
Melhora da força muscularA fraqueza muscular e a rigidez são sintomas que podem prejudicar atividades simples do dia a dia. O treinamento de força aumenta a capacidade de gerar tensão muscular, tornando tarefas cotidianas, como levantar-se de uma cadeira ou subir escadas, mais fáceis e seguras.
Aumento da estabilidade postural e equilíbrioA instabilidade e a propensão a quedas são preocupações constantes em pessoas com DP. A musculação fortalece músculos estabilizadores, principalmente de membros inferiores e core, contribuindo para maior controle corporal e prevenção de quedas.
Melhora da mobilidade e amplitude de movimentoApesar da rigidez articular característica da doença, o treino de força, associado a exercícios de alongamento, ajuda a manter a flexibilidade e a reduzir a sensação de enrijecimento.
Benefícios cognitivos e emocionaisA prática regular de musculação estimula a liberação de neurotransmissores relacionados ao humor, como endorfina e serotonina, o que pode auxiliar na redução de sintomas de depressão e ansiedade, frequentemente presentes em pacientes com DP. Além disso, há evidências de que o exercício físico contribui para a neuroplasticidade, ajudando o cérebro a criar novas conexões neurais.
Retardo da progressão funcional da doençaEmbora a musculação não seja capaz de interromper a progressão da DP, ela auxilia na manutenção da capacidade funcional, reduzindo a velocidade da perda de independência e ampliando a autonomia do indivíduo por mais tempo.
Cuidados e recomendações para a prática
O treino de musculação para pessoas com doença de Parkinson deve ser cuidadosamente planejado, levando em conta o estágio da doença, limitações individuais e condições associadas. Algumas orientações importantes incluem:
Avaliação prévia: é fundamental realizar uma avaliação médica e física antes do início do programa de exercícios.
Supervisão profissional: a presença de um educador físico ou fisioterapeuta garante a correta execução dos movimentos e maior segurança durante os treinos.
Treinos adaptados: priorizar exercícios simples, funcionais e de fácil execução, evitando sobrecarga excessiva.
Intensidade progressiva: começar com cargas leves a moderadas, evoluindo gradualmente conforme a adaptação do praticante.
Ênfase em grandes grupos musculares: exercícios multiarticulares, como agachamentos, remadas e supinos, são especialmente úteis para ganho de força global.
Integração com outras práticas: associar a musculação a exercícios aeróbicos, de equilíbrio e flexibilidade potencializa os benefícios.
Considerações finais
A musculação é uma ferramenta poderosa no manejo da doença de Parkinson, ajudando a preservar a independência funcional, melhorar a postura e reduzir os impactos físicos e psicológicos da enfermidade. Com um programa de treino seguro, supervisionado e adaptado às necessidades individuais, os pacientes podem conquistar melhor qualidade de vida, autoestima e bem-estar.