Musculação e Usuário de Marca-Passo
- Rudney Nicacio
- 5 de set.
- 3 min de leitura

A prática da musculação oferece inúmeros benefícios à saúde, como melhora da força, da massa muscular, da densidade óssea, do controle glicêmico e da capacidade funcional. Para indivíduos que possuem marca-passo cardíaco implantado, o treinamento resistido pode ser uma ferramenta segura e eficaz, desde que realizado com cautela, acompanhamento profissional e orientações médicas específicas.
Considerações Médicas Iniciais
Antes de iniciar qualquer programa de musculação, o usuário de marca-passo deve:
Passar por avaliação cardiológica completa, incluindo teste ergométrico e liberação médica.
Conhecer o tipo de marca-passo (unicameral, bicameral, ressincronizador cardíaco) e suas programações.
Entender as possíveis limitações impostas pela condição clínica que levou ao implante (insuficiência cardíaca, arritmias, bloqueios, etc.).
Benefícios da Musculação para Usuários de Marca-Passo
Melhora da força muscular: auxilia nas atividades diárias, reduzindo sobrecarga cardíaca em tarefas comuns.
Aumento da autonomia funcional: importante para a qualidade de vida e prevenção de quedas.
Controle de fatores de risco cardiovascular: como hipertensão, diabetes e obesidade.
Estabilidade emocional e psicológica: a prática regular reduz ansiedade e melhora autoestima, comum em pessoas com histórico cardíaco.
Cuidados Especiais na Prescrição
Intensidade: deve ser leve a moderada, evitando cargas máximas e treinos exaustivos. A progressão deve ser gradual.
Exercícios de membros superiores: merecem atenção especial. Movimentos com sobrecarga excessiva na região torácica ou que envolvam elevação repetida e prolongada dos braços acima da cabeça podem gerar desconforto ou até deslocamento do eletrodo em implantes mais recentes.
Evitar manobras de Valsalva: prender a respiração durante o esforço aumenta a pressão intratorácica e arterial, sobrecarregando o coração.
Preferência por exercícios em máquinas guiadas: oferecem mais segurança e controle de amplitude, reduzindo risco de movimentos bruscos.
Monitoramento de sinais e sintomas: tontura, palpitações, dor no peito ou falta de ar devem ser avaliados imediatamente.
Considerações sobre Aparelhos de Academia
A maioria dos equipamentos de musculação não interfere no funcionamento do marca-passo. Porém:
Aparelhos eletromagnéticos intensos (como alguns sistemas de estimulação elétrica) podem gerar interferência.
Deve-se manter distância de equipamentos de alta frequência ou campos magnéticos fortes usados em fisioterapia ou ambientes industriais.
Estratégia de Treinamento Indicada
Frequência: 2 a 3 vezes por semana, em dias alternados.
Volume: 1 a 2 séries de 10 a 15 repetições, priorizando a boa execução e evitando fadiga excessiva.
Intervalos: 1 a 2 minutos entre séries para melhor recuperação cardiovascular.
Exercícios multiarticulares (como agachamento, leg press, remada, supino leve) são eficazes, desde que controlados e adaptados.
Alongamentos leves e relaxamento ao final da sessão são recomendados.
Importância do Acompanhamento
O treinamento de musculação em usuários de marca-passo deve ser sempre acompanhado por:
Profissional de Educação Física, com conhecimento sobre cardiologia e limitações específicas.
Equipe médica, que deve ser informada sobre evolução, ajustes de carga e eventuais sintomas.
Em resumo, a musculação pode e deve ser realizada por usuários de marca-passo, desde que adaptada, segura e supervisionada. O foco não é em rendimento máximo, mas sim em saúde, autonomia e qualidade de vida, respeitando os limites individuais.
Quer que eu organize esse conteúdo em formato de manual prático de orientação para profissionais de educação física, com passos claros de avaliação, prescrição e cuidados?
MONITORAMENTO DA FREQUÊNCIA CARDIACA
Para usuários de marca-passo, monitorar a frequência cardíaca (FC) durante a sessão de musculação pode ser útil, mas deve ser feito com alguns cuidados:
Pontos de Atenção
Nem sempre a FC reflete o esforço real
Em alguns modelos de marca-passo, a frequência cardíaca pode ser artificialmente controlada ou limitada pelo dispositivo. Isso significa que o coração pode não responder de forma proporcional ao aumento da intensidade do exercício.
Por exemplo, se o marca-passo estiver programado para manter uma FC mínima de 70 bpm, o monitor sempre mostrará esse valor, mesmo em repouso.
Importância do tipo de marca-passo
Marca-passos com sensores de movimento ou ventilação (rate-responsive) conseguem ajustar a FC conforme o esforço. Nestes casos, o monitoramento pode ser mais confiável.
Em outros, o aumento da carga de treino não gera elevação natural da FC, o que torna a leitura menos útil como parâmetro de intensidade.
Alternativas para controlar intensidade
Uso da Escala de Percepção Subjetiva de Esforço (Borg 0–10 ou 6–20) é uma forma prática e confiável de acompanhar o esforço.
Monitorar sinais como falta de ar desproporcional, tontura, dor torácica ou fadiga exagerada é ainda mais importante que a FC.
O monitoramento da frequência cardíaca pode ser usado como ferramenta auxiliar, mas não deve ser o único parâmetro de controle de intensidade em usuários de marca-passo. É fundamental associar:
Percepção subjetiva de esforço (idealmente manter entre leve e moderado);
Monitoramento de sintomas;
Comunicação constante com a equipe médica sobre os limites do dispositivo.
Ou seja: o foco principal deve estar na segurança clínica e na percepção do esforço, enquanto a frequência cardíaca pode servir como complemento quando for confiável.