Pegada no Deadlift
- Rudney Nicacio
- 25 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de ago.

A pegada mista (uma mão em pronação e outra em supinação) no levantamento terra e suas variações é uma estratégia clássica para evitar que a barra role nas mãos sob cargas muito altas. Porém, o uso frequente dessa pegada pode trazer consequências anatômicas e funcionais importantes. Vamos detalhar os pontos:
Desequilíbrio anatômico
A pegada mista cria uma assimetria no corpo: um ombro em rotação externa (mão supinada) e o outro em rotação interna (mão pronada).
Essa diferença pode gerar torções compensatórias na coluna, quadril e escápulas, favorecendo desequilíbrios posturais ao longo do tempo.
Ombro em rotação externa (lado da pegada supinada)
O ombro supinado precisa realizar rotação externa para posicionar a palma para cima.
Isso facilita uma contração mais forte do latíssimo do dorso (dorsal), pois o braço fica em posição mecânica favorável.
Porém, essa posição coloca o bíceps braquial sob forte tensão, especialmente na fase inicial do levantamento (quando o cotovelo tende a estender contra a barra pesada).
Daí o risco de ruptura do tendão distal do bíceps, especialmente se houver flexão involuntária de cotovelo.
Ombro em rotação interna (lado da pegada pronada)
O ombro pronado é colocado em rotação interna, o que alonga o dorsal e dificulta uma contração simétrica em relação ao lado supinado.
Isso pode reduzir a capacidade de estabilização escapular de forma uniforme, sobrecarregando estruturas de quadril e coluna na manutenção da postura neutra.
Riscos para quadril e coluna
A assimetria da pegada tende a induzir uma força rotacional sobre o tronco.
Para compensar, quadril e coluna precisam resistir à torção, o que aumenta o risco de desvios, sobrecarga nos eretores da espinha, nas articulações sacroilíacas e até em discos intervertebrais.
Em cargas muito altas, essa torção pode se traduzir em microlesões repetitivas ou compensações musculares crônicas.
Risco de ruptura do tendão do bíceps
Exclusivo do lado supinado: o bíceps atua de forma secundária para segurar a barra.
Sob cargas elevadas, qualquer tentativa inconsciente de “puxar” com o braço (flexão de cotovelo) pode levar ao rompimento do tendão distal do bíceps — lesão clássica associada ao uso descuidado da pegada mista.
Conclusão
A pegada mista é útil em tentativas máximas ou quando o objetivo é levantar a maior carga possível, mas deve ser usada com moderação, pois:
Cria desequilíbrios anatômicos e musculares (rotação externa vs interna dos ombros).
Gera assimetria na ativação do dorsal.
Impõe forças torcionais sobre quadril e coluna.
Aumenta o risco de lesão do bíceps no braço supinado.
Por isso, no treino cotidiano, recomenda-se priorizar:
Pegada pronada dupla (mesmo que com straps) para simetria.
Hook grip (pegada olímpica) como alternativa segura em cargas altas.
Deixar a pegada mista apenas para tentativas máximas ou situações muito específicas.
Quer que eu monte um comparativo prático (tipo tabela) mostrando vantagens e desvantagens da pegada pronada, hook grip e mista para você usar com seus alunos?
PEGADA HOOK
Outra forma de pegada na barra é a Pegada gancho: A pegada hook, também conhecida como hook grip, é uma técnica frequentemente usada em levantamento de peso olímpico e CrossFit. Ela oferece maior segurança e estabilidade ao segurar a barra. Aqui estão as etapas para fazer a pegada hook:

Posicione o polegar: Envolva o polegar ao redor da barra, com a palma da mão voltada para você. Coloque os outros dedos (principalmente o indicador e o médio) sobre o polegar.
Crie o “gancho”: O polegar e os dedos formam um “gancho” que prende a barra. Isso ajuda a distribuir a carga de forma mais uniforme entre os músculos do braço e antebraço.
Para mais detalhes de qual a técnica ideal para você consulte um profissional de educação física.