VO2 máximo, comorbidades e mortalidade
- Rudney Nicacio
- 6 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de set.

O VO₂ máximo (volume máximo de oxigênio) é a medida da capacidade máxima do organismo de captar, transportar e utilizar oxigênio durante um exercício intenso. Ele é considerado o padrão-ouro da aptidão cardiorrespiratória e reflete de forma bastante fiel a eficiência integrada dos sistemas cardiovascular, pulmonar, muscular e metabólico. Quanto maior o VO₂ máximo, maior a capacidade funcional e a tolerância ao esforço físico.
VO₂ Máximo e Saúde
Estudos mostram que o VO₂ máximo é um dos mais fortes preditores de saúde e longevidade, sendo até mesmo superior a indicadores isolados como pressão arterial, colesterol ou glicemia. Isso ocorre porque ele expressa o resultado global da saúde dos principais sistemas do corpo.
Um VO₂ máximo baixo indica menor eficiência na entrega de oxigênio aos tecidos, o que está associado a maior fadiga, limitação funcional e vulnerabilidade a doenças crônicas. Já um VO₂ máximo elevado está ligado a melhor controle metabólico, menor inflamação sistêmica, maior capacidade de recuperação e redução de risco cardiovascular e mortalidade precoce.
VO₂ Máximo e Comorbidades
A baixa aptidão cardiorrespiratória, traduzida por um VO₂ máximo reduzido, está fortemente associada a diversas comorbidades:
Doenças cardiovasculares: hipertensão, insuficiência cardíaca, coronariopatias.
Doenças metabólicas: diabetes tipo 2, resistência à insulina, obesidade.
Doenças respiratórias: DPOC, asma não controlada.
Cânceres: pacientes com maior VO₂ máximo apresentam melhor resposta ao tratamento e menor taxa de complicações.
Doenças neurodegenerativas: evidências crescentes apontam que VO₂ mais alto está relacionado a menor risco de Alzheimer e declínio cognitivo.
Assim, a avaliação do VO₂ máximo ou de sua estimativa (via teste de esforço ou testes submáximos) é uma ferramenta valiosa não apenas para atletas, mas principalmente para o monitoramento de pacientes clínicos.
VO₂ Máximo e Mortalidade
O VO₂ máximo tem uma relação inversa com a mortalidade: quanto mais alta a capacidade cardiorrespiratória, menor o risco de morte prematura.
Estudos de coorte com dezenas de milhares de indivíduos têm demonstrado que:
Indivíduos com baixo VO₂ máximo possuem até duas a cinco vezes mais risco de mortalidade por todas as causas em comparação a indivíduos com boa capacidade aeróbia.
Cada pequeno aumento no VO₂ máximo (cerca de 3,5 ml/kg/min, equivalente a 1 MET) está associado a uma redução de 10 a 15% no risco de mortalidade.
O impacto protetor do VO₂ máximo se mantém mesmo em pessoas com fatores de risco como obesidade, tabagismo ou hipertensão. Ou seja, ser ativo e melhorar a capacidade aeróbia pode neutralizar parte dos efeitos negativos das comorbidades.
Estratégias para Melhorar o VO₂ Máximo
A boa notícia é que o VO₂ máximo não é um dado fixo, podendo ser desenvolvido por meio do treinamento físico, especialmente:
Exercício aeróbio contínuo (corrida, ciclismo, natação, caminhada rápida).
Treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT), que promove ganhos expressivos de VO₂ máximo em menos tempo.
Treinamento de força, embora menos direto, contribui para melhor economia de movimento e resistência muscular, ajudando indiretamente na capacidade cardiorrespiratória.
Conclusão
O VO₂ máximo é um dos marcadores mais importantes de saúde, desempenho e longevidade. Ele está intimamente relacionado ao risco de desenvolver comorbidades crônicas e à mortalidade por todas as causas. Manter ou melhorar a aptidão cardiorrespiratória deve ser uma prioridade, não apenas para atletas, mas para qualquer pessoa que busca qualidade de vida e envelhecimento saudável.