A Falácia de Isolar Cabeças do Tríceps
- Rudney Nicacio
- 5 de jun.
- 2 min de leitura

É comum encontrar nas academias e nas redes sociais a recomendação de exercícios "específicos" para a cabeça longa, lateral ou medial do tríceps, como se fosse possível isolar seletivamente cada uma dessas porções do músculo. No entanto, essa ideia é uma falácia biomecânica que ignora a anatomia funcional do corpo humano.
O tríceps braquial é um músculo único, com três cabeças (longa, lateral e medial) que convergem para um único tendão inserido no olécrano da ulna. Sua função principal é a extensão do cotovelo, e a cabeça longa também auxilia na extensão do ombro por sua origem na escápula.
Embora certos exercícios possam alterar ligeiramente o grau de ativação entre as cabeças do tríceps — como nas variações de ângulo ou posição dos braços — nenhum exercício isola completamente uma única porção do músculo. Todas as três cabeças são ativadas em conjunto sempre que há extensão de cotovelo. A diferença de ênfase entre elas, medida por estudos com eletromiografia, é pequena e insuficiente para justificar uma divisão do treino baseada em "cabeça do tríceps".
Essa abordagem de isolamento pode levar a treinos mal estruturados, com foco em variedade sem propósito, em vez de priorizar progressão de carga, técnica e consistência. Um bom treino de tríceps deve incluir exercícios que trabalhem o músculo em diferentes posições (braço à frente do corpo, ao lado, acima da cabeça), mas sem a ilusão de que isso representa "trabalhar cada cabeça separadamente".
Resumindo: o tríceps é um músculo integrado e deve ser treinado como tal. A ideia de isolar cabeças específicas é mais marketing do que ciência. Concentre-se em movimentos eficientes, com boa execução, carga progressiva e variedade funcional — não em ilusões de divisão anatômica artificial.
Comments