Elevação Lateral
- Rudney Nicacio
- 2 de ago.
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O chamado “teto do ombro” é uma forma simplificada de se referir à região formada pelo acrômio e pelo ligamento coracoacromial, que juntos criam uma espécie de cobertura ósseo-ligamentar sobre a cabeça do úmero.
Essa estrutura delimita o espaço subacromial, local onde passam tendões importantes do manguito rotador (principalmente o supraespinal) e a bursa subacromial. Quando esse espaço é reduzido — seja por formato anatômico do acrômio, alterações posturais, inflamação ou execução inadequada de movimentos — pode ocorrer o impacto subacromial, também chamado de “síndrome do impacto do ombro”.
Em termos simples:
Teto do ombro = acrômio + ligamento coracoacromial
Função: proteger a articulação do ombro por cima, mas pode, em alguns casos, reduzir o espaço para tendões e bursas, favorecendo atrito quando há movimento excessivo ou técnica inadequada.
ELEVAÇÃO LATERAL
A elevação lateral é um dos exercícios mais utilizados para o fortalecimento do músculo deltóide, sendo bastante popular em treinos de hipertrofia e definição dos ombros. No entanto, a execução incorreta ou o uso excessivo de carga pode gerar um problema biomecânico importante: o impacto do acrômio sobre o tendão do supraespinal, estrutura pertencente ao manguito rotador.
O acrômio é uma projeção óssea da escápula localizada logo acima da articulação do ombro. Em algumas pessoas, especialmente aquelas com formato de acrômio mais curvado ou gancho (classificação de Bigliani), existe um espaço naturalmente mais reduzido entre essa estrutura óssea e os tendões do manguito. Durante a elevação lateral clássica — principalmente quando feita com rotação interna do úmero (palmas voltadas para baixo) e acima de 90° de amplitude — ocorre uma redução desse espaço subacromial, favorecendo o atrito do tendão contra o acrômio. A longo prazo, isso pode causar inflamações, dor e até lesões como a tendinopatia ou ruptura parcial do supraespinal.
Uma alternativa eficiente e mais segura é a elevação diagonal. Nessa variação, o movimento é realizado com uma leve rotação externa dos ombros, levando os braços em diagonal à frente do corpo, semelhante ao gesto de “pegar algo do bolso e colocar em uma prateleira mais alta”. Essa posição favorece um maior espaço subacromial, reduzindo o risco de impacto, ao mesmo tempo em que ativa de forma eficiente as fibras do deltóide. Além disso, é uma opção confortável para quem já apresenta histórico de desconforto no ombro.
Em resumo: a elevação lateral é eficaz, mas pode representar risco para o tendão do supraespinal em algumas pessoas, especialmente se realizada de forma inadequada. Substituir ou alternar com a elevação diagonal pode ser uma estratégia inteligente para preservar a saúde articular e manter o desempenho no treino de ombros.