Fascite Plantar: Entenda a Condição e o Impacto do Salto Alto
- Rudney Nicacio
- 31 de jul.
- 3 min de leitura

A fascite plantar é uma das causas mais comuns de dor no calcanhar, afetando tanto atletas quanto pessoas com baixo ou nenhum histórico de atividade física intensa. Trata-se de uma inflamação ou degeneração da fáscia plantar, um tecido espesso e fibroso localizado na planta do pé, que se estende do calcâneo (osso do calcanhar) até a base dos dedos, funcionando como um amortecedor e suporte do arco plantar.
Causas e Fatores de Risco
A fascite plantar geralmente ocorre por sobrecarga mecânica, microtraumas repetitivos ou alterações biomecânicas. Entre os principais fatores associados:
Uso excessivo do pé: comum em corredores, praticantes de esportes de impacto e pessoas que passam longos períodos em pé.
Calçados inadequados: especialmente os que não oferecem suporte ao arco, possuem solado rígido ou estão muito gastos.
Pé cavo ou pé plano: alterações anatômicas que modificam a distribuição de cargas durante a marcha.
Excesso de peso: aumenta a pressão sobre a fáscia plantar.
Encurtamento da panturrilha: especialmente do tendão de Aquiles, aumentando a tração sobre a fáscia.
Idade: mais frequente entre 40 e 60 anos.
Sintomas
O sintoma típico é a dor no calcanhar, que costuma:
Ser mais intensa ao acordar, principalmente nos primeiros passos do dia.
Piorar após longos períodos sentado ou em repouso.
Diminuir durante a movimentação inicial, mas retornar ao final do dia ou após esforço prolongado.Alguns pacientes também apresentam sensação de rigidez na planta do pé ou leve inchaço local.
O Salto Alto Agrava a Fascite Plantar?
O uso frequente de salto alto pode agravar a fascite plantar. Isso ocorre porque:
Aumenta a pressão no antepé, modificando a distribuição natural do peso corporal e aumentando a tensão sobre a fáscia plantar.
Provoca encurtamento do tendão de Aquiles e da panturrilha, o que aumenta a tração sobre a fáscia quando o pé retorna à posição neutra ou descalço.
Reduz a estabilidade em modelos de salto fino, sobrecarregando pontos específicos do pé.
Curiosamente, em casos de dor aguda, algumas pessoas relatam alívio temporário usando um salto baixo (2 a 4 cm), pois isso reduz momentaneamente a tensão na fáscia. No entanto, não deve ser visto como solução, apenas um recurso pontual.
Diagnóstico
O diagnóstico geralmente é clínico, baseado na história e no exame físico. Exames de imagem, como ultrassonografia ou ressonância magnética, são usados em casos persistentes ou quando há dúvida diagnóstica. A presença de um esporão calcâneo em radiografias é comum, mas ele nem sempre é a causa da dor.
Tratamento
A maior parte dos casos melhora com medidas conservadoras:
Repouso relativo: evitar atividades que aumentem a dor.
Alongamentos: de panturrilhas e da própria fáscia plantar.
Fortalecimento muscular: principalmente dos músculos intrínsecos do pé.
Gelo: aplicado por 15 a 20 minutos após atividades.
Calçados adequados: com bom amortecimento e suporte do arco.
Órteses ou palmilhas personalizadas: quando necessário.
Medicamentos anti-inflamatórios: sob orientação médica.
Fisioterapia: incluindo liberação miofascial, eletroterapia e ondas de choque.
Em casos resistentes (mais de 6 a 12 meses sem melhora), pode-se considerar infiltrações ou, raramente, cirurgia.
Prevenção
Usar calçados adequados, evitando salto alto por longos períodos.
Manter um peso corporal saudável.
Realizar alongamentos regulares da panturrilha e fáscia plantar.
Evitar aumentos abruptos na carga de treinamento ou nas atividades de impacto.
Prognóstico
Com tratamento adequado, mais de 90% dos pacientes melhoram significativamente em 6 a 12 meses. No entanto, ignorar os sintomas pode levar à dor crônica, alteração no padrão de marcha e perda de qualidade de vida.