Irisina o hormônio da atividade física
- Rudney Nicacio
- 3 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de set.

A irisina é um hormônio produzido pelos músculos durante a atividade física, frequentemente chamado de “hormônio do exercício”. Descoberta em 2012 por Irisina: o hormônio da atividade física
A irisina é um hormônio descoberto em 2012 por pesquisadores de Harvard, despertando grande interesse científico por ser diretamente associado à prática de exercícios físicos. Produzida principalmente pelo músculo esquelético durante a contração muscular, a irisina surge como uma miocina, ou seja, uma proteína mensageira liberada pelo músculo que exerce efeitos benéficos em diferentes órgãos e tecidos do corpo.
Origem e mecanismo de produção
A irisina é derivada da clivagem de uma proteína chamada FNDC5 (Fibronectin Type III Domain-Containing Protein 5). Durante a prática de atividade física, a contração muscular aumenta a expressão do gene PGC-1α (Peroxisome Proliferator-Activated Receptor Gamma Coactivator 1-alpha), responsável por estimular a síntese da FNDC5. Essa proteína, por sua vez, é processada e liberada na forma da irisina na corrente sanguínea, onde pode atuar em diferentes tecidos.
Principais funções da irisina
Transformação de tecido adiposo branco em marrom (browning):
A função mais conhecida da irisina é estimular a conversão do tecido adiposo branco (armazenador de energia) em tecido adiposo marrom (termogênico).
O tecido marrom é metabolicamente ativo, capaz de queimar calorias e produzir calor corporal.
Esse processo favorece o emagrecimento e melhora o gasto energético basal.
Efeitos metabólicos:
Aumenta a sensibilidade à insulina, auxiliando no controle da glicemia.
Pode atuar na prevenção e tratamento de doenças como diabetes tipo 2 e síndrome metabólica.
Efeitos no sistema nervoso:
Estudos indicam que a irisina atravessa a barreira hematoencefálica e estimula a produção do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF).
O BDNF está associado à neuroplasticidade, memória e aprendizagem, sugerindo que a atividade física protege contra doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
Saúde óssea e muscular:
A irisina também contribui para a formação óssea ao estimular osteoblastos, além de auxiliar na manutenção da massa muscular, importante para o envelhecimento saudável.
Efeitos cardiovasculares:
Está relacionada à melhora da função endotelial, ajudando na regulação da pressão arterial e na prevenção de doenças cardiovasculares.
Irisina e exercício físico
A liberação da irisina é diretamente estimulada pelo exercício físico, especialmente os treinos que envolvem:
Exercícios aeróbicos (corrida, ciclismo, natação), que aumentam a oxigenação e ativam fortemente o PGC-1α.
Treinamento de força, que também gera estímulo importante pela contração muscular repetida.
Portanto, tanto o cardio quanto a musculação são eficientes em elevar os níveis de irisina, potencializando benefícios metabólicos e cognitivos.
Perspectivas e aplicações clínicas
Pesquisadores estudam a irisina como uma possível ferramenta terapêutica no tratamento de:
Obesidade e distúrbios metabólicos
Diabetes tipo 2
Doenças neurodegenerativas
Osteoporose
No entanto, ainda não existem medicamentos aprovados que utilizem a irisina de forma isolada. O melhor “remédio” comprovado para aumentar sua produção continua sendo a atividade física regular.
Conclusão
A irisina ganhou o título de “hormônio da atividade física” porque representa, em nível molecular, a ligação entre o exercício e os múltiplos benefícios que ele proporciona ao organismo. Ao estimular a queima de gordura, melhorar o metabolismo, proteger o cérebro, fortalecer ossos e músculos e contribuir para a saúde cardiovascular, a irisina mostra que o corpo humano é uma verdadeira farmácia interna, cujo principal gatilho é o movimento.