Síndrome metabólica
- Rudney Nicacio

- 3 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 2 de set.

A síndrome metabólica é um conjunto de alterações metabólicas e hemodinâmicas que, quando presentes em conjunto, aumentam significativamente o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e mortalidade precoce. Trata-se de uma condição multifatorial, geralmente relacionada ao estilo de vida, mas que também envolve predisposição genética, alterações hormonais e processos inflamatórios crônicos de baixo grau.
Conceito e critérios diagnósticos
A síndrome metabólica não é uma doença isolada, mas sim uma associação de fatores de risco. De acordo com a International Diabetes Federation (IDF) e o National Cholesterol Education Program – Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III), o diagnóstico é feito quando o indivíduo apresenta três ou mais dos seguintes componentes:
Obesidade abdominal (circunferência da cintura aumentada, variando conforme sexo e etnia).
Resistência à insulina ou hiperglicemia de jejum (≥ 100 mg/dL).
Dislipidemia aterogênica, caracterizada por triglicerídeos elevados (≥ 150 mg/dL) e/ou HDL-colesterol baixo (< 40 mg/dL em homens e < 50 mg/dL em mulheres).
Hipertensão arterial (≥ 130/85 mmHg ou uso de medicação anti-hipertensiva).
Estado pró-inflamatório e pró-trombótico, frequentemente identificado por marcadores laboratoriais como proteína C-reativa elevada.
Fisiopatologia
A base fisiopatológica mais aceita é a resistência à insulina, que leva a um desequilíbrio no metabolismo da glicose e dos lipídios. Esse quadro está intimamente associado ao acúmulo de gordura visceral, que libera citocinas inflamatórias (como TNF-α e IL-6), ácidos graxos livres e hormônios que alteram a sensibilidade insulínica e a função vascular.
Com isso, ocorre um ciclo vicioso envolvendo:
Aumento da pressão arterial.
Alterações no perfil lipídico.
Maior depósito de gordura hepática.
Elevação da glicemia e progressão para o diabetes tipo 2.
Fatores de risco
Estilo de vida sedentário.
Dieta hipercalórica e ultraprocessada, rica em açúcares e gorduras saturadas/trans.
Obesidade abdominal.
Tabagismo e consumo excessivo de álcool.
Histórico familiar de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Idade avançada (risco aumenta a partir dos 40 anos).
Alterações hormonais (como síndrome dos ovários policísticos em mulheres).
Consequências
A síndrome metabólica multiplica o risco de:
Doença arterial coronariana (infarto do miocárdio).
Acidente vascular cerebral (AVC).
Diabetes mellitus tipo 2.
Doença renal crônica.
Esteatose hepática não alcoólica (fígado gorduroso).
Estudos indicam que pessoas com síndrome metabólica têm duas vezes mais risco de morte cardiovascular e cinco vezes mais chance de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação com indivíduos sem a síndrome.
Diagnóstico e acompanhamento
O diagnóstico deve ser realizado por meio de avaliação clínica, antropométrica e exames laboratoriais. Além da aferição da pressão arterial e da circunferência abdominal, são fundamentais exames como:
Glicemia de jejum e hemoglobina glicada.
Perfil lipídico (colesterol total, HDL, LDL, triglicerídeos).
Avaliação hepática e renal.
Prevenção e tratamento
O manejo da síndrome metabólica envolve principalmente mudanças no estilo de vida, associadas ou não ao uso de medicamentos.
Mudanças comportamentais:
Alimentação balanceada, com foco em fibras, vegetais, frutas, leguminosas, cereais integrais e redução de ultraprocessados.
Redução do consumo de sal, álcool e açúcares simples.
Prática regular de atividade física aeróbica e de resistência.
Controle do peso corporal e, quando necessário, redução da circunferência abdominal.
Abandono do tabagismo.
Tratamento farmacológico (quando indicado):
Anti-hipertensivos para controle da pressão arterial.
Hipoglicemiantes orais ou insulina para controle da glicemia.
Estatinas ou fibratos para dislipidemia.
Fármacos específicos para obesidade em casos selecionados.
Considerações finais
A síndrome metabólica é um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade, principalmente devido ao aumento da obesidade e do sedentarismo no mundo moderno. Seu diagnóstico precoce e a intervenção adequada podem reduzir drasticamente o risco de complicações graves, melhorando a qualidade de vida e a longevidade dos indivíduos.
👉 Em resumo: a síndrome metabólica é prevenível e controlável, mas requer conscientização, mudanças consistentes no estilo de vida e, em muitos casos, acompanhamento médico contínuo.




