Musculação e hipercolesterolemia
- Rudney Nicacio
- 2 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de set.

A hipercolesterolemia é uma condição caracterizada por níveis elevados de colesterol no sangue, especialmente do colesterol LDL (“colesterol ruim”), que está associado ao aumento do risco de aterosclerose, doenças coronarianas e outros problemas cardiovasculares. O manejo dessa condição envolve mudanças no estilo de vida, controle alimentar, prática regular de atividade física e, em alguns casos, tratamento medicamentoso. Nesse contexto, a musculação tem ganhado destaque como uma estratégia complementar eficaz na prevenção e no controle da hipercolesterolemia.
Efeitos da musculação sobre o perfil lipídico
A prática regular de exercícios resistidos, como a musculação, pode trazer benefícios significativos no controle dos níveis de colesterol, atuando em diferentes aspectos:
Redução do colesterol LDL
A musculação aumenta a captação de lipídios pelos músculos para produção de energia e síntese celular.
Estimula enzimas envolvidas no metabolismo lipídico, favorecendo a redução dos níveis circulantes de LDL.
Aumento do colesterol HDL
O HDL (“colesterol bom”) atua removendo o excesso de colesterol das artérias e transportando-o para o fígado para excreção.
Treinos de força regulares estão associados ao aumento das concentrações de HDL, contribuindo para a proteção cardiovascular.
Controle dos triglicerídeos
A musculação melhora a sensibilidade à insulina e favorece o uso de ácidos graxos como fonte de energia, o que reduz os níveis de triglicerídeos plasmáticos.
Mecanismos fisiológicos envolvidos
Aumento da massa muscular: maior massa magra eleva a taxa metabólica basal, aumentando o gasto energético e a utilização de lipídios.
Melhora da sensibilidade à insulina: facilita o transporte de glicose para dentro das células e reduz o risco de resistência insulínica, fator associado a dislipidemias.
Estimulação enzimática: a atividade da lipoproteína lipase é intensificada, promovendo maior catabolismo dos triglicerídeos e melhora no perfil lipídico.
Efeitos anti-inflamatórios: a musculação reduz marcadores inflamatórios sistêmicos, que têm relação direta com a progressão da aterosclerose.
Protocolos de treinamento recomendados
Embora cada pessoa deva ser avaliada individualmente, diretrizes científicas sugerem:
Frequência: 2 a 4 vezes por semana.
Intensidade: moderada a vigorosa (60–80% de 1RM), respeitando o condicionamento físico.
Volume: 8 a 12 exercícios envolvendo grandes grupos musculares, de 2 a 4 séries de 8–15 repetições.
Progressão: aumento gradual da carga e complexidade, para estimular adaptações contínuas.
Combinação: quando possível, associar musculação ao exercício aeróbico (como caminhada, corrida leve ou bicicleta), que potencializa os efeitos sobre o perfil lipídico.
Benefícios adicionais da musculação para indivíduos com hipercolesterolemia
Controle do peso corporal: importante porque o excesso de gordura, especialmente a visceral, está associado ao aumento do colesterol LDL.
Saúde cardiovascular: melhora da força do miocárdio, da circulação e da eficiência cardíaca.
Qualidade de vida: aumento da disposição, melhora da postura, redução do estresse e estímulo à adesão ao tratamento.
Prevenção de comorbidades: reduz o risco de hipertensão, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica, condições frequentemente associadas à hipercolesterolemia.
Considerações finais
A musculação, quando realizada de forma planejada, orientada e contínua, é uma ferramenta poderosa no tratamento não farmacológico da hipercolesterolemia. Seus efeitos vão além da estética, promovendo adaptações metabólicas e cardiovasculares fundamentais para a saúde. Aliada a uma alimentação balanceada, à redução do sedentarismo e, quando necessário, ao uso de medicamentos prescritos por profissionais de saúde, a musculação contribui para a redução do risco de complicações cardiovasculares, oferecendo mais qualidade e expectativa de vida aos indivíduos.